Descrição
Perfazendo educações em uma nova sociedade midiática
Coletânea de artigos científicos
Vilma Maria da Silva / Isac dos Santos Pereira (Org)
204 páginas
ISBN: 978-85-94380-22-7
Junho, 2019
Autores:
Alessandra da Silva Della Peruta
Ana Cláudia Rodrigues Nascimento
Andréia Vitório da Silva
Anna Caroliny Lima Kecek Ruiz
Cristiane Nogueira Pereira
Edneia Machado de Alcantara
Isac dos Santos Pereira
Isaque Rafael da Silva Santos Lins
Jocely de Paula Lima Roque
Karen Dionisio Carneiro
Karleana Nogueira de Sá
Keila Aparecida Brasil
Letícia Silva de Mendonça Mendes
Maria Pereira Galvão de Souza
Maria Vanuzia de Lima
Marinalva Rodrigues Caldas Macedo
Raquel Paixão Rossin
Renata Silvério Ventura
Sandra Aparecida Movio Zonzini
Sarah Baptista
Tatiana Barboza
Vanessa Avenia Alves Alexandre
PREFÁCIO
Educar em meio às profusões midiáticas? Ações plausíveis em uma nova trama social
Isac dos Santos Pereira
A partir do momento que a sociedade passa a ganhar elementos tecnológicos, e mais adiante, as mídias se expandem por meio deles e atreladas a essa expansão seus aparatos começam a resvalar e a se inserir dentro do âmbito educacional, nota-se que as pesquisas sobre os males e sobre os benefícios crescem de forma expressiva. Já não se contempla mais com um olhar para um cenário social imbuído de respostas prontas a todo esse turbilhão de informações e processos relacionados que crescem dia após dia, todavia se percebe um olhar imerso em um campo de perguntas, ávido por propor reflexões, por chamar para questionamentos que abalam, desconfiguram pensamentos, desconfortam zonas de quietude.
Em meio a isso, a proposta do presente livro surgiu da necessidade de se refletir no período em que a educação passa a se perfazer diante de todo o arcabouço midiático, que resvala nos corpos e posteriormente os inserem em um mundo que vai além do palpável, das experiências que até então, em alguns anos atrás, não existiam. São nossos corpos de professores/pesquisadores como de nossos alunos que são jogados, balizados, desconfigurados e configurados pelas propagandas, pelos jogos de celulares, pelos filmes televisivos ou de qualquer outra sorte de objeto midiático, entretanto se inserindo como elementos fundantes de nossa contemporaneidade, que nos inquieta por buscar respostas, por ir atrás de elementos que encontrem o ponto de equilíbrio entre o real palpável e o proposto por esse novo campo de conhecimento.
Pensar a criança, o jovem e o adolescente imerso desde seu nascimento em um contexto que propicia experiências que transcendem o que uma sociedade há 500 anos talvez nem imaginasse que estaria a viver, é refazer formas de ensinar e congregar conhecimentos que serão passados em sala de aula. Hoje, a escola já não é mais o único campo de saber, o lugar em que os estudantes chegam para adquirir conhecimentos, não obstante ela tem como âmbito que também inseri conhecimentos, as próprias novas mídias que se configuram e reconfiguram, ascendendo para novas mediações, de fato uma escola paralela.
Salienta-se que o presente livro ao propor reflexões pedagógicas entrelaçadas aos meios, não os valida como meros consumo de estudantes passivos, porém como objetos que ao serem colocados no âmbito educacional, sejam eles constructos de análises, contextualização, leituras e até mesmo de criação. Ao se refletir desde a ludicidade na infância, as brincadeiras, as histórias, o corpo, as patologias, os dispositivos legislativos e a cultura até o próprio aprender hoje em sala de aula, não é de se esperar que as proposições pedagógicas dos docentes sejam advindas de contextos totalmente fora das conexões midiáticas que existem. Pensar educação hoje é ao mesmo tempo também pensar em mídia como um dispositivo que conjuntamente favorece o aprendizado, que expande os processos de comunicação entre alunos, professor, sociedade e cultura; é propiciar interlocuções que, quiçá, não tenham sido feitas há algum tempo atrás nas grandes tramas educacionais.
Ainda que alguns capítulos tecidos pelos autores não toquem se quer na palavra “mídia” ou “comunicação midiática”, ao perpassar por cada trama textual, nota-se que de alguma forma, mesmo que latente aos escritos, os processos de comunicação midiática, frutos de nossa sociedade contemporânea, conformada pelas grandes rediscussões que rejeitaram o moderno e lutaram pelo movimento pós-modernista, estabelecem diálogos com as ações docentes, ao passo que reitera indiscutivelmente tais relações como pontos de análises prementes para o presente século. Como prelúdios para as perguntas do século XXI, os textos foram se construindo em meio aos esforços docentes de articular suas áreas de saber com a relação dessa nova sociedade, que evidentemente não é a mesma em que eles ou que seus pais estudaram, contudo um novo rumo de ações. A educação contemporânea pautada no movimento que começa com o pós-modernista reitera as relações, a comunicação entre os educandos que, desde Celestin Freinet, Paulo Freire, Orozco, Cortela e tantos outros teóricos vêm debatendo em meio as suas pesquisas.
Alguns já se foram e deixou seu legado, outros continuam por pesquisar e propiciar aos educadores formas não mais de só responder, mas de formular novas perguntas que o levem além do que já está construído. Entre as páginas do presente livro, esse legado ainda embebeda e dar base aos professores/pesquisadores por esmiuçarem suas práticas e irem além da pesquisa, congregando conhecimentos que se somam em meio às páginas como pesquisa/ação, ademais de meros escritos para serem arquivados e esquecidos.
Os anos passam, os dias se vão, as semanas terminam e todo o contexto se transforma por quem o cria, ao passo que também o transforma para um novo se inserir dentro de tal cenário. Pensar a relação professor/pesquisador que almeja um ensino que de fato inclua o estudante e ao mesmo tempo pensá-lo como um ser em formação e carente de ações dos fatores circundantes é saber que para ele, pessoas irrelevantes se vão, e ele as esquecem, quem não conhecem de verdade somem e nem sabe, mas aquele que marcou sua vida fica eternamente enquanto durar no mais importante dos cofres de valores deste mundo, no Sentimento Sincero de um eterno aluno.
Em mesmo acordo, todos os escritores esperam que à luz dos textos novas ações possam ser reavivadas, feitas, conservadas e instauradas nas determinações do leitor/pesquisador; que o caminho utópico, o horizonte impalpável ainda seja de fato um dos objetivos para movê-lo em sua esperança para uma educação melhor.
Boa leitura!!!