Descrição
Educação Especial e Inclusiva: caminhos entre o real e o ideal
Coletânea de artigos
Profa. Esp. Ana Paula de Lima (Org)
Prefácio da Profa. Ms(a). Naiara Chierici da Rocha
ISBN 978-85-94380-1 2-8
130 páginas
setembro/ 2018
reimpressão: abril de 2019
Autores(as):
Ana Clara Silva Hashimoto ● Aline Lima Carvalho
Andreia Márcia Batista Vieira ● Beatriz Cristina Gonçalves
Daniele Ferreira Leite Marcato ● Delmira Moreira da Cruz
Djinane de Almeida Amorim ● Edna Maria Orphali Brasil
Ellen Amorim de Carvalho Quintilhano ● Fellipe William Marques Martins
Juliana de Almeida Carvalho Silva ● Manolo Siloni da Silva
Samara dos Santos Alcatrão ● Simone Duarte Luchesi
Sumara Rissatti Silva ● Veneranda Rocha de Carvalho
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Prefácio
O livro traz a vantagem de a gente poder estar
Só e ao mesmo tempo acompanhado.
Mário Quintana
Prefaciar um livro coletivo é um desafio, pois implica em um olhar sobre o conjunto de textos escritos com várias mãos. Aceitei esse desafio com muita alegria e honra, por dois motivos: o primeiro motivo se refere à importância dessa iniciativa – dar vozes às concepções e aprendizagens dos professores, expressas por meio dos artigos desse livro, tão bem intitulado de “Educação Especial e Inclusiva: caminhos entre o real e o ideal”. As concepções apresentadas pelos professores, dão luz as suas vozes que muitas vezes são silenciadas pelos inúmeros desafios do que é ensinar diante das adversidades da escola atual, sendo um deles oportunizar práticas de ensino para todos, independentemente de suas características físicas, intelectuais e sociais. O segundo motivo diz respeito à organizadora do livro, que tem se especializado em Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva e lutado dentro e fora da sala de aula por uma educação para todos.
Ao folear as páginas desse livro me deparei com as diversas concepções desses professores autores, que nos presenteiam com as suas reflexões sistematizadas. São suas dúvidas, suas conquistas, seus desafios e os pontos de chegadas e partidas para novos caminhos e novas propostas. São realidades, intenções, citações carregadas de significados e sentidos expressos nos artigos que compõem o livro. Assim, a frase de Mário Quintana que trago em epígrafe traduz o que senti ao percorrer por ele: uma leitura solitária, como quem necessitava compreender as experiências, concepções e aprendizagens desses professores, que me fizeram mergulhar em um universo cuja preocupação é a promoção de um ensino de qualidade para todos os estudantes.
As pesquisas sobre Educação Especial e Inclusão Escolar têm aumentado consideravelmente nos últimos anos. As temáticas e vertentes teóricas se apresentam nas mais variadas perspectivas. Teses e dissertações têm sido produzidas nos programas de Pós-Graduação em particular os de Educação e Educação Especial, o que tem contribuído para o fortalecimento dos grupos de pesquisas e para a maior compreensão das necessidades formativas e práticas de ensino dos professores que atuam na Educação Básica. Embora há nos últimos anos considerável aumento das pesquisas, a busca por uma escola inclusiva e de qualidade para todos ainda é incessante, visto que, há muito o que se pesquisar no âmbito da atuação docente. Nesse sentido, esse livro tem muito a contribuir com reflexões que emergem do próprio contexto de atuação dos professores, apresentado nos artigos que utilizam diferentes referenciais teóricos e metodológicos.
O livro está dividido em quatro eixos centrais e compõe um total de 16 artigos.
O primeiro eixo trata de ações educativas permeadas pelas reflexões teóricas metodológicas sobre o ensino inclusivo, onde os professores apresentam alguns dos seus principais resultados. O segundo eixo trata das características e especificidades das deficiências no contexto educacional, ou seja, conhecer as deficiências para a contribuição de ações educativas de qualidade. O terceiro eixo trata o papel da família na significação de ações inclusivas. Por fim, o quarto eixo trata da reflexão docente sobre a inclusão escolar, buscando entrelaçar os caminhos entre o real e o ideal. Além dos 16 artigos que compõe esses eixos, “antes do começo” a professora Ana Paula de Lima, organizadora desse livro, nos brinda com uma instigante introdução e nos convida a pensar na importância de incluir os professores. “E depois do fim”, a professora nos chama atenção para o posfácio em que sistematiza as vozes dos professores trazidas nos 16 artigos, destacando caminhos que apontam para novos começos.
No primeiro artigo, intitulado “a prática terapêutica da equoterapia para crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e suas contribuições para o contexto escolar”, Aline Lima Carvalho discute, teoricamente o acompanhamento psicológico de crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH, no tratamento de Equoterapia e os impactos positivos no contexto escolar.
Relatar uma experiência no Atendimento Educacional Especializado (AEE) é o objetivo principal do artigo 2, intitulado “o atendimento educacional especializado de um estudante com deficiência múltipla”. Nele, Beatriz Cristina Gonçalves apresenta o planejamento pedagógico e o desenvolvimento das estratégias de ensino utilizadas para potencializar a aprendizagem, autonomia e o desenvolvimento escolar e social de um estudante com deficiência intelectual moderada e comprometimentos motores, com 18 anos de idade, matriculado no 8º ano de uma Escola Municipal de Ensino Fundamental, localizada na cidade de São Paulo.
O artigo 3 de autoria de Juliana de Almeida Carvalho Silva, tem como título: “cantigas tradicionais no atendimento educacional especializado”. O artigo traz um recorte teórico com base nos estudos e experiências da autora sobre a potencialidade metodológica das cantigas tradicionais no AEE. A autora revela que as cantigas tradicionais contribuem para aspectos como: fala, linguagem, melhora a interação entre os pares e auxilia no desenvolvimento cognitivo, emocional e motor.
Daniele Ferreira Leite Marcato, apresenta no artigo 4, intitulado “o ensino de artes e a inclusão de alunos com necessidades especiais” suas concepções acerca das potencialidades do ensino de artes para a promoção de um ensino inclusivo. A autora reforça o importante papel da Educação Especial e afirma que por meio da arte é possível desenvolver um ensino que respeite as diferenças no qual cada estudante desenvolva suas habilidades, sem distinções.
O artigo 5 de Simone Duarte Luchesi, intitulado “um olhar diferenciado para o diagnóstico psicopedagógico” traz análises teóricas sobre o diagnóstico psicopedagógico de pessoas que apresentam dificuldades de aprendizagem, a partir de processos pelos quais a psicopedagogia apresenta ao longo de sua evolução, desde o início, na França – século XIX, até a chegada no Brasil, na década de 70.
Sumara Rissatti Silva traz, no artigo 6 a “deficiência intelectual e sua inclusão no contexto escolar”. O artigo apresenta um recorte teórico sobre os desafios de incluir estudantes com Deficiência Intelectual (DI) e algumas das principais especificidades de diagnóstico na área da DI.
No artigo 7 intitulado “uma reflexão sobre o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade”, Samara dos Santos Alcatrão apresenta reflexões acerca do TDAH e a sala de aula. A autora reflete sobre a sala de aula, diagnóstico e definições visando contribuir para o trabalho docente.
A “inclusão escolar e o desafio docente, na perspectiva do educador” são discutidos por Djinane de Almeida Amorim no artigo 8. A autora traz indagações e reflexões a partir de um recorte teórico sobre os desafios da inclusão escolar e os impactos para a formação docente e a consolidação de espaços escolares inclusivos.
Concepções sobre a escola e família para construção de caminhos inclusivos é apresentado no artigo 9, por Andreia Márcia Batista Vieira. O artigo “família e escola: parceria para uma educação inclusiva” apresenta reflexões com significativo referencial teórico acerca da família e escola e os processos inclusivos que podem ser potencializados com o fortalecimento dessa importante parceria.
No artigo 10, Edna Maria Orphali Brasil traz o percurso do trabalho “apoio e suporte às famílias de pessoas com deficiências”. Nesse artigo, a autora procura mostrar que, para que a inclusão das pessoas com deficiência ocorra de fato, é necessário que a família também receba apoio e suporte que auxilie no processo de desenvolvimento dessas pessoas para a inclusão na sociedade.
No artigo 11 intitulado “criança com TDAH e seu relacionamento com professores e família”, Manolo Siloni da Silva traz concepções sobre a necessária parceria entre família e escola para melhor desenvolvimento da criança diagnosticada com TDAH. O autor reflete sobre as melhorias de tratamento, interação e socialização dessa criança com o fortalecimento dessa parceria.
O histórico da inclusão escolar no Brasil é o tema central no artigo 12 intitulado “inclusão escolar e a sua história no Brasil”. Nele, Delmira Moreira da Cruz percorre o processo histórico desde das principais políticas públicas que garante os direitos das pessoas com deficiência à inclusão destas no contexto escolar.
O artigo 13 de autoria de Ellen Amorim de Carvalho Quintilhano, tem como título: “pessoas com deficiência e as leis”. O artigo traz um recorte sobre os aspectos legislativos no que tange a inclusão escolar. A autora destaca com maior enfoque reflexões sobre os fatores legislativos referentes a escola e o importante papel da declaração de Salamanca na inclusão de todas as pessoas.
Fellipe William Marques Martins, apresenta, no artigo 14, “reflexões sobre a inclusão escolar”. O autor apresenta um breve histórico sobre a inclusão escolar, traz a concepção de inclusão afirmando que se trata de um processo legal, político e social, no qual precisa da ajuda de pais/familiares, escola e comunidade para ser concretizado.
O artigo 15 traz os escritos de Veneranda Rocha de Carvalho, intitulado “escola: a possibilidade do ensino a todos”. A autora resgata historicamente a concepção de escola e de ensinar, e ressalta que a educação, bem como a escola, é um campo aberto com dicotomias e de interferências sociais e intelectuais, que vão caracterizar a sua organização e definir sua perspectiva dentro da sociedade.
Finalizando, Ana Clara da Silva Hashimoto traz o capítulo 16 que enfoca o “percurso histórico da inclusão no Brasil”. A autora faz esse resgate no cenário das políticas públicas e finaliza-o indagando qual a tarefa a ser cumprida para a inclusão escolar dos estudantes com deficiência e a necessidade de reestruturações que se iniciam desde do Projeto Político Pedagógico a gestão participativa.
Desejo que esse livro suscite reflexões, inquietações, contribuições, diálogos, colaborações e novos olhares a respeito da Educação Especial e Inclusão Escolar – o real vivido e o ideal possível.
Convido a todos e a todas a mergulharem nessa leitura!!!
Naiara Chierici da Rocha
Salvador, setembro de 2018.